Resenha Histórica Mais de dois mil anos de história que ainda hoje espreitam um pouco por todo o concelho bracarense, possibilitando viagens no tempo onde o convite é para partir à descoberta dos vestígios deixados por populações de épocas longínquas. Ruínas e termas romanas que são, por si só, uma bela lição histórica, dezenas de espaços sagrados, culturais, arqueológicos, militares e civis, de estilos marcantes e arquitectura própria. Um importante capítulo do passado português que teve como palco a nobre Bracara Augusta. A ocupação humana da região a que hoje corresponde o município de Braga, remonta há milhares de anos, documentada por vestígios que adquirem monumentalidade a partir do período megalítico. Na época correspondente à idade do ferro, desenvolveu-se a denominada "cultura castreja". O processo de romanização iniciou-se por volta do ano 200 a.C., consolidando-se a partir dos primórdios da nossa era, com a fundação da primeira cidade de Braga – Bracara Augusta. A partir do século V, as invasões bárbaras (povos: Suevo e Visígodo), trouxeram à região profunda conturbação que se prolongou com os Árabes até finais do século VIII, só se iniciando o processo reorganizativo nos finais do século seguinte. Cerca de 1070, D. Pedro, primeiro Bispo de Braga, reorganiza a Diocese, conhecendo a cidade e a área envolvente um clima de franco fortalecimento das suas estruturas fundamentais. A urbe vai-se desenvolvendo em torno da Catedral, circunscrita contudo, ao núcleo amuralhado que sendo sucessivamente fortificado (D. Henrique, D. Dinis e D. Fernando), não sofre significativa expansão. Em 1100 e graças a S. Geraldo (Arcebispo de Braga entre 1099 e 1108), Braga vê renascer a sua autonomia e importância eclesiástica, na senda de uma tradição que remontava à época romana. A condição de Metrópole da Galiza, intensificou a rivalidade com Compostela e o consequente antagonismo do Condado Portucalense relativamente à Galiza, gerador de sentimentos independentistas que antecederam a Batalha de S. Mamede. S. Geraldo, pela sua condição, pelas reformas eclesiásticas que protagonizou e também pelo forte impulso nas obras da Sé Catedral, ficou para a história como padroeiro de Braga. Braga no século XVI, é uma cidadela que vive à margem dos ventos dos descobrimentos e do "progresso" consagrado na época. D. Diogo de Sousa (insigne Arcebispo), homem de ideias renascentistas, vai transformá-la de tal forma, que se pode falar em refundação. Ao período vivido entre meados de quinhentos e as primeiras décadas de setecentos, associa-se um fervoroso clima de religiosidade, patente na afluência de comunidades religiosas que vão construir Mosteiros, Conventos e Igrejas, influenciando a própria arquitectura civil, através do recobrimento das fachadas do casario com gelosias (ver Casa dos Crivos). No século XVIII, Braga ressurge e brilha nas floreadas curvas do Barroco, protagonizadas pelos Arcebispos da Casa de Bragança e pelo génio artístico de André Soares (Arq. 1720- 1769). No final do século assiste-se com Carlos Amarante (Engenheiro e Arquitecto 1742- 1815) à transição para o Neoclássico. A centúria seguinte traz consigo focos de conflito (invasões francesas e lutas liberais), afluindo a partir da segunda metade, o dinheiro e o gosto dos "brasileiros" (emigrados portugueses regressados do Brasil). Introduzem-se na cidade algumas "melhorias" a nível de infra-estruturas e o centro cívico deixa a tradicional zona da Sé, passando para o Jardim Público (frente à Arcada). O século XX trouxe e consolidou múltiplas infra-estruturas e novos instrumentos de desenvolvimento, importando mencionar em termos de património construído o edifício do Theatro Circo e o conjunto de fachadas que definem o topo nascente da Avenida da Liberdade. O período recente do 25 de Abril, traduziu-se num enorme crescimento a todos os níveis, convertendo-se Braga, muito provavelmente, na terceira cidade do País, importando referir a nível da arquitectura, e com a devida ressalva da proximidade temporal, o Mercado Municipal do Carandá e o Palácio de Exposições e Desportos. No ano 2000, Bracara Augusta celebrou o bimilenário da sua fundação, assinalado para a posteridade com um monumento evocativo. A viagem pelo século XXI incrementou a marca da afirmação de Braga no contexto regional e nacional, destacando-se entre as múltiplas vertentes que caracterizam as urbes contemporâneas, a salvaguarda e reabilitação do património cultural (Fonte do Ídolo, Theatro Circo, Mosteiro de Tibães), a regeneração do Centro Histórico (“Braga Capital do Comércio Tradicional” com a mais vasta área pedonal de Portugal) e a construção de património (Estádio Municipal de Braga, ex-libris do Euro 2004, em vias de classificação). Nesta sumaríssima e incompleta contemplação de um passado com mais de dois mil anos, muitos acontecimentos e figuras marcantes ficaram inevitavelmente por referir, mas todos são credores da singularidade e excelência da Braga de hoje. (por Pedro Lopes) |
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